A glass bowl of fresh strawberries paired with a pink measuring tape symbolizes healthy eating.

O vínculo entre ansiedade e controle alimentar

A ansiedade tem um jeito sutil de se infiltrar na rotina, transformando a relação com a comida em um campo de batalha. Comer deixa de ser apenas uma necessidade física e se torna um ato carregado de regras, números e rituais. Se você sente que precisa planejar cada refeição minuciosamente ou evitar certos alimentos a todo custo, pode estar usando a alimentação como uma forma de controle.

O medo do desconhecido, a pressão por perfeição e a necessidade de segurança encontram na comida um alvo fácil. Não se trata apenas de preferências alimentares, mas de uma estratégia para lidar com emoções avassaladoras. Quando tudo parece caótico, controlar o que você come pode dar uma ilusão de ordem. Mas às vezes, esse controle vem com um preço alto.

Quando a ansiedade vira cardápio

Imagine: você abre a geladeira não por fome, mas para silenciar a mente. Cada grama pesado, cada caloria calculada é um grito de “Preciso controlar algo!”. A ansiedade adora se esconder atrás de regras alimentares. Ela sussurra: “Se dominar o prato, dominará a vida”. Mas é mentira.

Por que fazemos isso?

  • Ilusão de segurança: Dietas rígidas dão a falsa sensação de ordem em um mundo caótico.

  • Medo do imprevisível: Controlar a comida é tentar controlar emoções que assustam.

  • Autopunição disfarçada: Restringir-se pode ser uma forma de dizer “Não mereço o bem-estar”.

Mas aqui está o segredo: quanto mais você controla o prato, menos controla a paz interior.

Como os transtornos alimentares mascaram emoções profundas

Os transtornos alimentares muitas vezes não são apenas sobre comida. Eles funcionam como um escudo para emoções que parecem impossíveis de enfrentar.

Por trás disso, está o medo de parecer fraco, descontrolado ou vulnerável. A comida passa a ser uma ferramenta para camuflar ansiedades, medos e angústias. Mas ignorar essas emoções não faz com que desapareçam. Pelo contrário, elas continuam ali, esperando um momento para emergir.

Fome de emoções, não de comida

Você já comeu até se sentir anestesiado? Ou jejuou para não enfrentar uma dor? Transtornos alimentares raramente são sobre nutrição – são sobre emoções engasgadas. Em Madame Oráculo, a protagonista usa dietas para apagar conflitos existenciais. Na vida real, você pode estar fazendo o mesmo.

Sinais de que a fome é emocional:

  • Comer rápido, sem sentir prazer.

  • Sentir culpa após cada refeição.

  • Usar a comida como prêmio ou castigo.

A pergunta que salva: “O que estou tentando não sentir agora?”. A resposta pode libertar seu prato.

Estratégias para lidar com o medo de perder o controle

Se você sente que sua relação com a comida está mais ligada ao controle do que à fome, existem formas de mudar essa dinâmica. O primeiro passo é identificar o que realmente está por trás do medo de perder o controle. Muitas vezes, essa necessidade extrema de organização esconde inseguranças e ansiedade.

Praticar a autocompaixão pode ser um caminho para encontrar equilíbrio. Permitir-se errar, aceitar que você não precisa seguir padrões impossíveis e buscar ajuda são atitudes fundamentais. Pequenos passos, como ouvir os sinais do corpo e desafiar pensamentos críticos, podem fazer uma diferença enorme.

Lembre-se: você é muito mais do que aquilo que come ou deixa de comer. A verdadeira liberdade está em encontrar um caminho de paz com seu corpo e sua mente, sem precisar se prender a regras que apenas reforçam o medo.

Three teenage girls eat ice cream on a sunny day, sitting on a striped picnic blanket in a park.

Referências:

CHERNIN, Kim. A obsessão: Reflexões sobre a tirania do corpo perfeito da mulher. Tradução de Léa M. Sussekind. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1988.

CHERNIN, Kim. The Hungry Self: Women, Eating and Identity. New York: Harper & Row, 1985.

ATWOOD, Margaret. Madame Oráculo. São Paulo: Rocco, 2003.