
Como a Infância Influencia Nossa Relação com o Prazer
A maneira como você experimenta prazer hoje está diretamente ligada à sua infância. O que foi incentivado ou reprimido durante seus primeiros anos de vida afeta suas escolhas, seus limites e até sua capacidade de sentir felicidade sem culpa. Isso acontece porque sua mente infantil foi moldada pelo ambiente e pelas figuras parentais, criando padrões emocionais que muitas vezes passam despercebidos.
De acordo com Alice Miller, em O Drama da Criança Bem Dotada, muitas crianças aprendem a suprimir seus sentimentos para se encaixar nas expectativas dos pais. Isso significa que, se você cresceu em um lar onde o prazer era visto como algo egoísta ou supérfluo, é possível que hoje você sinta dificuldade em aproveitá-lo plenamente.
Mas como isso se manifesta no dia a dia? Por que tão frequentemente você sente culpa por se permitir pequenos momentos de prazer? Vamos explorar isso juntos!
O Prazer e a Criança Interior: O Que Você Aprendeu?
Desde cedo, você aprendeu quais comportamentos eram aceitáveis e quais não eram. Se você foi uma criança que gostava de rir alto, explorar, brincar livremente, mas era constantemente reprimida ou ignorada, pode ter desenvolvido uma relação ambivalente com o prazer. Tommy Akira Goto, em Introdução à Psicologia Fenomenológica, explica que as experiências precoces moldam a forma como você percebe e sente o mundo ao seu redor.
Isso significa que, se você cresceu ouvindo frases como “não faça bagunça”, “não ria alto demais” ou “o que os outros vão pensar?”, pode ter absorvido a mensagem de que expressar alegria ou prazer é algo inadequado. Muitas crianças internalizam essa repressão e, quando chegam à vida adulta, sentem um desconforto inexplicável ao se permitirem aproveitar um momento de lazer, descanso ou diversão.
Como Ressignificar o Prazer Sem Culpa
A boa notícia é que você pode reconstruir sua relação com o prazer. Isso não significa ignorar as experiências passadas, mas sim compreendê-las e dar a si mesmo a permissão para desfrutar a vida sem culpa.
- Reconheça seus padrões emocionais: Sempre que sentir culpa por estar aproveitando um momento feliz, pergunte-se: “De onde vem essa sensação?” Muitas vezes, ela tem raízes na infância.
- Dê pequenos passos: Permita-se pequenos prazeres no dia a dia, sem justificativas. Pode ser algo simples, como tomar um café sem pressa ou ouvir música que você ama.
- Desafie crenças limitantes: Se você aprendeu que “trabalho duro é tudo” ou “quem se diverte é irresponsável”, questione essas ideias. Elas realmente fazem sentido para você hoje?
- Pratique a autocompaixão: Em vez de se julgar por querer descanso e prazer, lembre-se de que você merece momentos de alegria tanto quanto qualquer outra pessoa.
A terapia online pode ser uma ferramenta poderosa para quem deseja explorar e ressignificar essas questões. Trabalhar com um profissional pode ajudar você a identificar padrões emocionais limitantes e encontrar maneiras de se permitir viver com mais leveza.
Afinal, a vida é feita para ser vivida, e o prazer faz parte disso. Dê a si mesmo a chance de sentir alegria sem culpa — você merece!
O medo inconsciente de superar os pais emocionalmente

Você já sentiu que, sempre que avança emocionalmente na vida, uma parte de você hesita, como se algo estivesse segurando? Talvez seja um medo sutil, quase invisível, de ultrapassar os pais em maturidade emocional, felicidade ou realização. Essa sensação, que pode parecer irracional, tem raízes profundas na infância e pode influenciar sua autoestima, seus relacionamentos e até suas decisões mais importantes.
O laço invisível: por que tememos “deixar nossos pais para trás”
Na infância, seu primeiro modelo emocional foram seus pais ou cuidadores. Você os observava, aprendia com eles e, muitas vezes, sentia a necessidade de protegê-los. Crianças extremamente sensíveis absorvem as dores dos pais e, sem perceber, assumem a responsabilidade por seu bem-estar. Isso pode criar um pacto silencioso: “Se eu for mais feliz, estável ou bem-sucedido do que eles, posso fazê-los se sentirem mal”.
Talvez você tenha crescido ouvindo frases como “Na minha época era muito mais difícil” ou “Eu abri mão de tudo por você”. Isso pode gerar um sentimento de culpa ao perceber que sua vida tem potencial para ser mais leve do que a deles. Você pode, sem perceber, limitar seu próprio crescimento emocional para não desrespeitar esse laço invisível.
John Sanford destaca que carregamos dentro da nossa psique padrões herdados da família. Ou seja, muitas de nossas crenças sobre sucesso, amor e felicidade vêm do que vimos em casa. Se você percebeu que seus pais nunca resolveram suas dores emocionais, pode sentir que fazer isso seria uma espécie de “traição” a eles.
Autossabotagem: quando o medo se transforma em bloqueio
Esse medo inconsciente pode aparecer de várias formas. Você pode se perceber repetindo padrões familiares que já não fazem sentido, evitando mudanças ou se sentindo desconfortável ao conquistar algo positivo. Nossa identidade é construída a partir das interpretações que damos às nossas experiências. Se, em algum momento, você associou progresso emocional a abandonar seus pais, pode começar a se autossabotar sem perceber.
Isso pode acontecer de maneiras sutis:
- Nos relacionamentos: Você escolhe parceiros que reforçam velhos padrões, evitando evoluir emocionalmente.
- Na carreira: Você evita oportunidades de crescimento porque sente que não deveria ter mais sucesso do que seus pais.
- Na vida pessoal: Você se mantém em situações desconfortáveis porque mudar seria como “desonrar” a história deles.
Quando percebe que está feliz, realizado ou mais equilibrado do que seus pais foram, pode surgir um incômodo interno. Como se algo dissesse: “Isso está errado, você não deveria estar se sentindo assim”. Mas essa sensação não é sua – ela é um reflexo do que foi internalizado na infância.
Superar não significa abandonar: como se libertar sem culpa
A boa notícia é que você não precisa escolher entre crescer e honrar sua família. É possível encontrar um caminho de equilíbrio, onde sua felicidade não representa uma ameaça ao passado. Alice Miller sugere que a conscientização é o primeiro passo: perceber esses padrões já reduz o peso deles sobre você.
Aqui estão algumas estratégias para lidar com esse medo:
1. Reinterprete a história familiar
Seus pais vieram de outra época, com desafios diferentes dos seus. O que para eles era impossível pode ser natural para você. Honrar sua história não significa repetir os mesmos obstáculos.
2. Separe sua identidade da deles
Você é um indivíduo único, com sua própria jornada. Ter uma vida emocionalmente mais equilibrada não significa que você os ama menos.
3. Permita-se avançar sem culpa
Quando se sentir desconfortável ao crescer emocionalmente, pergunte-se: “Esse medo é realmente meu ou é algo que aprendi na infância?”
4. Acolha seus pais sem carregar o peso deles
Seus pais podem ter sofrido, mas isso não significa que você precisa sofrer também. Você pode ser empático sem se prender ao passado deles.

Maneiras de Ressignificar Crenças Limitantes
Você já parou para pensar em quantas vezes desistiu de algo antes mesmo de tentar? Ou em como certas ideias, que parecem verdades absolutas, na verdade foram herdadas da sua infância? As crenças limitantes funcionam como filtros invisíveis que distorcem sua visão sobre o mundo e sobre você mesmo. Mas a boa notícia é que essas crenças não são permanentes – você pode questioná-las, ressignificá-las e criar novas narrativas para sua vida.
De onde vêm as crenças limitantes?
Você não nasceu acreditando que precisa agradar os outros para ser amado ou que sucesso é sinônimo de sofrimento. Essas ideias foram construídas ao longo do tempo, especialmente na infância, através de experiências, mensagens repetidas e até pelo exemplo dos seus cuidadores.
Quando crianças, absorvemos as emoções e as expectativas dos adultos ao nosso redor. Se você cresceu em um ambiente onde demonstrar sentimentos era visto como fraqueza, pode ter desenvolvido a crença de que expressar emoções é algo negativo. Se viu seus pais sempre se sacrificando pelo bem dos outros, pode ter aprendido que colocar suas próprias necessidades em primeiro lugar é egoísmo.
Crenças limitantes podem surgir quando um desses lados é reprimido. Se, por exemplo, você foi ensinado a sempre agir com lógica e evitar qualquer comportamento considerado “sensível”, pode ter dificuldades em acessar sua intuição ou aceitar suas próprias emoções.
Com isso, o significado que damos às experiências molda nossas percepções sobre a vida. Isso significa que, mesmo que algo tenha sido verdadeiro para você no passado, hoje você pode escolher enxergar essa situação de uma maneira diferente.
Agora que você já sabe de onde vêm essas crenças, vamos entender como ressignificá-las.
1. Identifique a origem da sua crença
Muitas vezes, seguimos padrões de pensamento sem sequer questionar de onde eles vieram. Para começar a ressignificar uma crença limitante, pergunte-se:
- Quando foi a primeira vez que acreditei nisso?
- Quem me passou essa ideia?
- Essa crença ainda faz sentido para minha vida hoje?
Por exemplo, se você tem a crença de que “dinheiro é algo sujo” e percebe que isso veio de falas repetidas na infância, pode começar a questionar: essa visão ainda reflete minha realidade? Como posso enxergar o dinheiro de uma forma mais saudável? O simples ato de trazer consciência para essa origem já começa a enfraquecer o poder da crença.
2. Troque a crença limitante por uma crença fortalecedora
Depois de identificar uma crença que não te serve mais, experimente substituí-la por algo mais positivo e realista. Isso não significa criar frases otimistas vazias, mas sim reformular sua perspectiva de maneira genuína.
Por exemplo:
- Crença limitante: “Eu não sou bom o suficiente para ser amado.”
- Nova crença: “Eu sou digno de amor pelo que sou, e não pelo que faço pelos outros.”
- Crença limitante: “Errar é algo ruim e vergonhoso.”
- Nova crença: “Errar é uma oportunidade de aprendizado e crescimento.”
Essa substituição precisa fazer sentido para você. Se uma nova crença parecer forçada, tente reformulá-la de forma que soe mais verdadeira.
3. Aja como se sua nova crença já fosse real
Você já percebeu que, quando acredita fortemente em algo, seu comportamento muda automaticamente? Se alguém acredita que é um ótimo profissional, tende a agir com mais segurança em entrevistas de emprego e desafios no trabalho. Se acredita que é ruim em relacionamentos, inconscientemente pode evitar intimidade ou se afastar de pessoas que demonstram afeto.
Agora que você já identificou uma crença limitante e a reformulou, o próximo passo é agir como se essa nova crença já fizesse parte de você. Quer mudar sua relação com o sucesso? Comece a celebrar suas pequenas conquistas. Quer se sentir mais confiante? Experimente se comportar como alguém que já tem essa confiança.
Ou seja, não basta apenas pensar diferente – você precisa trazer essa nova visão para o seu dia a dia. Pequenos passos consistentes criam mudanças reais.
4. Seja paciente consigo mesmo
Mudar crenças não acontece de um dia para o outro. Afinal, muitas delas foram reforçadas durante anos e fazem parte da sua forma de enxergar o mundo. É normal que, em alguns momentos, você volte a pensar da maneira antiga, mas o importante é continuar se questionando e ajustando sua visão.
Reconhecer e acolher nossas vulnerabilidades é parte essencial do processo de transformação. Então, se perceber que está repetindo um padrão antigo, ao invés de se julgar, pergunte-se: “O que posso aprender com isso?”
A autocompaixão é uma ferramenta poderosa para mudar crenças, porque permite que você cresça sem a pressão de precisar acertar o tempo todo.
Terapia Online Como Ferramenta de Libertação Emocional
Se você já sentiu que algo dentro de você precisa mudar, mas não sabe exatamente por onde começar, saiba que não está sozinho. Muitas crenças, medos e padrões emocionais que carregamos foram moldados na infância e, sem perceber, podem estar limitando sua vida. A terapia online surge como uma ferramenta poderosa para libertação emocional, permitindo que você compreenda sua história, ressignifique suas dores e construa uma nova maneira de viver.
Um espaço seguro para se expressar
Desde pequenos, aprendemos o que podemos ou não sentir, dizer ou desejar. Crianças criadas em ambientes onde as emoções não são bem-vindas acabam reprimindo seus sentimentos para se encaixar. Como adulto, você pode ter dificuldades em expressar suas emoções, evitando conflitos ou ignorando suas próprias necessidades. Na terapia online, você tem um espaço seguro para falar abertamente, sem medo de julgamentos ou cobranças. Isso é libertador, porque permite que você descubra partes de si mesmo que talvez nunca tenha explorado.
Reconhecendo padrões invisíveis
Muitas vezes, seguimos certos comportamentos sem sequer perceber. Você já se pegou reagindo da mesma forma em situações diferentes, sem entender o porquê? A terapia online ajuda você a identificar esses padrões inconscientes, trazendo clareza para mudar o que já não faz sentido em sua vida.
Acessível, flexível e transformador
Uma das grandes vantagens da terapia online é que você pode se conectar de qualquer lugar, no seu tempo e no seu ritmo. A transformação acontece quando nos permitimos olhar para nós mesmos de forma honesta. Com a terapia online, esse processo se torna mais acessível, possibilitando reflexões profundas e mudanças reais, sem precisar sair de casa.
Se você deseja se libertar de padrões que já não fazem sentido e criar uma vida mais leve, a terapia online pode ser o primeiro passo nessa jornada emocionante de autoconhecimento e transformação. Afinal, mudar não significa negar sua história, mas aprender a escrever um novo capítulo com mais consciência e liberdade.
Referências
MILLER, Alice. O drama da criança bem-dotada: como os pais podem formar ou deformar a vida emocional dos filhos. 3. ed. Rio de Janeiro: Summus, 1997.
GOTO, Tommy Akira. Introdução à psicologia fenomenológica: uma perspectiva hermenêutico-existencial. Campinas: Alínea, 2011.
SANFORD, John A. The male and female in each of us. New York: Paulist Press, 1981.